A disseminação da variante Delta do coronavírus no Brasil está mais agressiva que a cepa identificada no início da pandemia. De acordo com dados da Rede Genômica Fiocruz, enquanto a variante Gama, a cepa P.1, identificada inicialmente em Manaus, dobrou sua participação do segundo para o terceiro mês de presença, passando de 11,5% para 23,6% dos casos entre dezembro de 2020 e janeiro deste ano, a Delta, originária da Índia, multiplicou sua cota por nove em período similar, indo de 2,3% para 21,5% entre junho e julho.
A variante indiana foi identificada em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal, segundo o Ministério da Saúde, e os governos locais estão tentando evitar a expansão.
No Distrito Federal, dos 82 casos confirmados da variante Delta, 21 são de pessoas residentes da região administrativa de Planaltina. De acordo com o secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, todos são casos de transmissão comunitária e a vigilância da pasta está observando de perto.
Além do sequenciamento, o secretário explicou a estratégia adotada para conter o avanço na região. “O mais importante é o acompanhamento domiciliar desses pacientes e internação domiciliar. A gente não tem observado gravidades com pacientes variante delta aqui no Distrito Federal”, declarou.
Estudos apontam que a mutação é 60% mais contagiosa e que a carga viral dos infectados é até 1.260 vezes maior do que nos afetados com variantes anteriores do vírus causador da covid-19.
O surto no Distrito Federal teve início no Hospital de Apoio de Brasília, que chegou a suspender as internações. Entre os 82 casos, 34 são profissionais de saúde, a maioria (29) atua no Hospital de Apoio. Há quatro infectados internados, entre eles, uma criança. Os demais pacientes têm idades entre 40 e 69 anos.
Apesar de não haver registro de que a variante seja mais agressiva ou cause mais mortalidade, considerando o número de pessoas não imunizadas, a infectologista Joana Darc Gonçalves avaliou o risco de complicação pela sua transmissibilidade.
“A variante delta é de preocupação porque como ela transmite mais, a gente pode ter um número maior de doentes. Tendo um número maior de doentes, a possibilidade de ter comorbidades que possam complicar e vir a óbito também pode ser maior”, afirmou.
Segundo a pesquisadora e chefe do laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia, Deusilene Vieira, só o monitoramento da variante é capaz de auxiliar os governos estaduais na tomada de decisões para evitar a expansão da variante para outros locais.
“Uma das estratégias utilizadas para conter a expansão dessas variantes além do monitoramento é fazer uma interlocução com as agências de vigilâncias públicas, repassando essas informações para que medidas sejam adicionadas”, destacou.
Vacinação
Com o objetivo de tentar conter o avanço da variante Delta do coronavírus, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou, neste final de semana, a antecipação da segunda dose dos imunizantes da Pfizer a partir de setembro. Pesquisas apontam que a proteção contra essa cepa só ocorre com a segunda dose.
O intervalo estimado entre as doses é de aproximadamente três meses. A previsão inicial da fabricante era de a segunda dose ocorrer após 21 dias. Porém, o prazo foi esticado para três meses no Brasil e outros países para vacinar a maior quantidade possível de pessoas com a primeira dose.
Cerca de 54,25% da população brasileira já recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A população totalmente imunizada contra Covid no País – que tomaram a segunda dose ou a dose única de vacinas contra a doença – chegou a 23,43%.
Presidente do STF sinalizou ser contra anistia dos condenados de 8/01
Por agencia Brasil
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta quinta-feira (14) que as explosões ocorridas na frente da sede do tribunal revelam a necessidade de responsabilização de quem atenta contra a democracia.
Durante abertura da sessão desta tarde, Barroso disse que as explosões demonstram a tentativa de deslegitimar a democracia no Brasil.
“A gravidade do atentado de ontem nos alerta para a preocupante realidade que persiste no Brasil – a ideia de aplacar e deslegitimar a democracia e suas instituições. Reforça também e, sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”, afirmou.
O presidente também disse que o episódio mostra a periculosidade das pessoas com as quais a Corte lida.
“Apesar de estarmos no calor dos acontecimentos e no curso das apurações, precisamos, como país e sociedade, de uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo entre nós”, declarou.
Anistia
Barroso também citou os atos golpistas de 8 de janeiro e sinalizou ser contra a anistia aos condenados pela Corte.
“Relativamente a este último episódio, algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar sem antes sequer condenar”, completou.
Gilmar Mendes
O ministro Gilmar Mendes, decano da Corte, afirmou que as explosões não se tratam de um fato isolado. Segundo o ministro, o discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram “largamente estimulados” pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro.
“As investidas contra a democracia têm ocorrido explicitamente, à luz do dia, sem cerimônia nem pudor. Condutas como as de ontem, juntam-se a diversas outras já vivenciadas”, disse.
Mendes também aproveitou para defender a regulação das redes sociais e também rechaçou a possiblidade de anistia dos condenados pelo 8 de janeiro.
“A meu sentir, a revisitação dos fatos que antecederam aos ataques de ontem é pressuposto para a realização de um debate racional sobre a defesa de nossas instituições, sobre a regulação das redes sociais e sobre eventuais propostas de anistiar criminosos”, completou.
Ataque
Vídeo das câmeras de segurança do STF mostram o chaveiro Francisco Wanderley Luiz atirando artefatos explosivos em direção à escultura A Justiça, que fica em frente ao prédio da Corte e, em seguida, acendendo outro no próprio corpo. Momentos antes, o carro dele também explodiu no estacionamento próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados.
Enquanto a média de profissionais médicos recomendados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) deve ser de 3,73/1000 habitantes, cidades das regiões Norte e Nordeste do país têm menos de dois médicos por mil habitantes. É o que mostra um levantamento da Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (AMIES).
Estados como o Maranhão, na região Nordeste, e o Pará, na região Norte, contam com os menores índices de médicos por mil habitantes: 1,13 e 1,22, respectivamente. Outros estados também se destacam negativamente pela falta de profissionais, como o Piauí, com 1,40 médico, Acre, com 1,46 médico, Bahia, com 1,90 médico e Ceará, com 1,95 médico por mil habitantes.
Somando as regiões Norte e Nordeste, são mais de 71 milhões de habitantes e apenas 130 mil médicos, números que reforçam a carência de profissionais.
Novos cursos negados
Para ampliar o número de cursos de Medicina e de vagas nessas regiões, diversos centros universitários pedem junto ao MEC, ou por meio de ações na justiça, a abertura dessas vagas. Só na última semana, segundo levantamento da AMIES, de 13 pedidos nas regiões Norte e Nordeste seis foram indeferidos pelo MEC. Os outros sete ainda estão em processamento.
Um dos motivos para o MEC indeferir os pedidos de aumento de vagas e abertura de novos cursos é que os municípios onde os cursos seriam abertos estão acima da recomendação da OCDE — de 3,73 médicos por mil habitantes. O que não justificaria a necessidade de novas instituições superiores de Medicina.
Mas a AMIES contesta, pois o MEC está considerando apenas os municípios onde as faculdades seriam criadas e não a região de saúde que atenderia toda a população, explica a advogada.
“Esses indeferimentos, caso mantidos em esfera recursal, significam que os municípios e suas regiões de saúde deixarão de ganhar. Seja no curto prazo, com atendimento médico à população carente, que é realizado pelos estudantes, professores e tutores. Seja a longo prazo, com a não formação de profissionais que seriam inseridos no mercado de trabalho e os médicos que atenderiam em UPAs, hospitais e consultórios.”
Os impactos para as cidades negadas
Caso o Ministério da Educação mantenha o entendimento de que somente municípios com menos de 3,73 médicos por mil habitantes precisam de mais médicos, sem considerar os dados das regiões de saúde onde estão inseridos os municípios, poderão haver 43 pedidos de abertura de novos cursos de Medicina negados pelo MEC nos próximos meses. É o que aponta um levantamento da AMIES.
Segundo a entidade, se essa expectativa for confirmada, essas regiões continuarão lutando com a falta de profissionais e deixarão de ter novos profissionais formados ao término do ciclo da graduação.
“Além disso, os municípios deixarão de arrecadar cerca de R$ 280 milhões ao longo de seis anos – período necessário para a conclusão do curso de Medicina. Esse valor representa uma média do que essas 43 instituições pagariam de impostos, caso recebessem a autorização de funcionamento do MEC.”
As inscrições para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o segundo semestre podem ser feitas pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) até dia 27 de agosto. É necessário ter uma conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.
Os estudantes interessados em aderir ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do segundo semestre podem solicitar adesão até dia 27 de agosto. Os candidatos podem se inscrever pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) a partir da conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.
Para se inscrever, o interessado precisa, ainda, informar e-mail pessoal válido, bem como nomes e número de registro no CPF dos membros de seu grupo familiar com idade igual ou superior a 14 anos. A renda bruta mensal de cada componente também deve ser informada.
O mestre em história social pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Colégio Militar em Brasília, Isaac Marra, aponta que o Fies é um instrumento importante para oferecer igualdade de oportunidade entre os estudantes brasileiros.
“Representa uma oportunidade ímpar, uma oportunidade única, de transformação social, qualificação social e econômica. Acaba se tornando uma política pública de prioridade. Uma priorização que garante que esses estudantes, sobretudo os mais vulneráveis socialmente, tenham acesso preferencial é o financiamento educacional”, pontua.
Confira quem pode se inscrever no processo seletivo do Fies:
Ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir da edição de 2010, com nota válida até o momento anterior à abertura das inscrições, além de obtido média aritmética das notas nas cinco provas igual ou superior a 450 pontos;
Ter obtido nota na prova de redação do Enem acima de zero;
Possuir renda familiar mensal bruta per capita até três salários mínimos.
Os candidatos devem atender às seguintes condições acima cumulativamente.