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Déficit hídrico pode ocasionar perdas superiores a R$ 518 bilhões ao setor produtivo

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Foto: Divulgação/Ministério da Integração Nacional

Caso não se amplie a infraestrutura hídrica do país até 2035, o déficit hídrico pode ocasionar perdas superiores a R$ 518 bilhões ao setor produtivo. É o que afirma o diretor de Revitalização de Bacias Hidrográficas do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Wilson Melo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu, nesta terça-feira (7), o seminário “Segurança Hídrica para a Indústria”, para discutir estratégias que garantam água para todos e o desenvolvimento sustentável da indústria.

Wilson Melo ressaltou que, segundo o Plano Nacional de Segurança Hídrica, a questão é crítica: aproximadamente 61 milhões de brasileiros vivem em cidades com baixa garantia de abastecimento de água.

“Desafios com uma necessidade de ampliar a oferta em razão do aumento da população, aumentar a resiliência para enfrentar tanto secas quanto cheias, garantir a disponibilidade hídrica para o desenvolvimento regional, da indústria, da irrigação, do comércio, ampliar o financiamento da implantação, a operação e manutenção de novas infraestruturas hídricas. Incentivar o reuso e aproveitar o potencial da dessalinização”, destaca. “Também temos de contribuir para mantermos a qualidade dos corpos hídricos e, por último, reconhecer a água como um bem, um recurso limitado e dotado de valor, para, assim, estimularmos o uso racional da água.”

O evento, que celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5, promoveu o lançamento do “Estudo sobre a Cobrança pelo Direito de Uso dos Recursos Hídricos”. A diretora de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mônica Messenberg, explicou o objetivo do relatório.

“A CNI desenvolveu esse estudo em parceria com especialistas com o intuito de fornecer respostas mais ágeis e efetivas aos problemas de segurança hídrica. Mais especificamente quanto à cobrança pelo uso de cursos hídricos, um dos cinco instrumentos da política nacional de recursos hídricos. Essa política, como sabemos, impacta diretamente setores usuários de água no país, em especial a indústria, que é a terceira maior consumidora desse insumo.”

Segundo a pesquisa, a cobrança pelo uso de recursos hídricos deverá criar efetivamente condições para reconhecer a água como um bem econômico, incentivar a racionalização do seu uso e criar recursos para o financiamento dos programas e das intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

Fontes alternativas

Vitor Saback, diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), falou sobre a necessidade do uso de fontes alternativas de água para a construção da segurança hídrica e o importante papel da indústria neste passo.

“Estudos apontam para uma necessidade maior de adaptação e aumento de resiliência. De conciliação de usos e também da incorporação na matriz hídrica brasileira de novas estratégias tecnológicas, como a dessalinização e o reuso de água, por exemplo, como forma de se ampliar o leque de alternativas para garantir segurança hídrica para os usos múltiplos”, apontou Saback. 

“O reuso da água, que ainda corresponde a 1,5% do esgoto tratado, é importante que seja considerado como parte da estratégia de universalização dos serviços de esgotamento sanitário no país e não apenas como uma possibilidade em futuro distante. E tanto na institucionalização da prática como na formatação dos futuros de negócio, a indústria é parceira extremamente estratégica.”

Águas subterrâneas

O evento também contou com a apresentação do “Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR)”, pelo oficial de projetos de ciências naturais da Unesco, Glauco Kimura. O tema deste ano foi Águas Subterrâneas que, segundo a Unesco, por ser “invisível”, é um recurso mal compreendido, subestimado e mal gerenciado.

De acordo com Kimura, as águas subterrâneas têm o potencial de aumentar as adaptações aos eventos climáticos extremos, além de promover o desenvolvimento socioeconômico da sociedade, gerando empregos e apoiando a segurança hídrica e energética.

“Com as mudanças climáticas, as crises hídricas se tornando cada vez mais recorrentes, não podemos nos darmos ao luxo de tratarmos as águas subterrâneas como temos tratado até o momento, afinal, será um recurso valiosíssimo para não só a promoção do desenvolvimento socioeconômico, mas também para as adaptações às mudanças do clima”, relata.

O relatório também enfatiza a necessidade de ampliar a noção de “valor” da água, com abordagens para valorar o insumo sob diversas perspectivas nos mais diversos setores, tema principal do estudo apresentado pela CNI.

Segurança Hídrica para a Indústria

O evento tratou sobre as questões estratégicas que envolvem a água e a crise hídrica, que já afeta diversas partes do planeta, e as questões de demanda e oferta, que dão sinais de desequilíbrio em algumas regiões brasileiras. Diante desse cenário, estudiosos e representantes do setor apontaram os desafios para se construir a segurança hídrica do Brasil, como uma melhor gestão do recurso e a discussão de temas estratégicos, como os eventos críticos globais e a agenda nacional de águas.

O seminário ainda contou com a presença de Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, que debateram sobre os eventos climáticos extremos e como eles impactam sobre os recursos hídricos, além de Mônica Messenberg, diretora de Relações Institucionais da CNI, Thadeu Abicalil, especialista em Água e Saneamento do Banco do BRICS, João Bosco Reis da Silva, gerente de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal, Ana Silvia Santos, professora da UERJ, Gesner José de Oliveira Filho, professor da Fundação Getúlio Vargas (SP) e Eduardo Pedroza, representante Brasileiro da Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (ALADYR).

Fonte: Brasil 61

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Com cursos de medicina negados, Norte e Nordeste têm maior carência de médicos

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Enquanto a média de profissionais médicos recomendados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) deve ser de 3,73/1000 habitantes, cidades das regiões Norte e Nordeste do país têm menos de dois médicos por mil habitantes. É o que mostra um levantamento da Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (AMIES).

Estados como o Maranhão, na região Nordeste, e o Pará, na região Norte, contam com os menores índices de médicos por mil habitantes: 1,13 e 1,22, respectivamente. Outros estados também se destacam negativamente pela falta de profissionais, como o Piauí, com 1,40 médico, Acre, com 1,46 médico, Bahia, com 1,90 médico e Ceará, com 1,95 médico por mil habitantes.

Somando as regiões Norte e Nordeste, são mais de 71 milhões de habitantes e apenas 130 mil médicos, números que reforçam a carência de profissionais. 

Novos cursos negados

Para ampliar o número de cursos de Medicina e de vagas nessas regiões, diversos centros universitários pedem junto ao MEC, ou por meio de ações na justiça, a abertura dessas vagas. Só na última semana, segundo levantamento da AMIES, de 13 pedidos nas regiões Norte e Nordeste seis foram indeferidos pelo MEC. Os outros sete ainda estão em processamento.

São eles:

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Veja mais: Medicina: MEC nega abertura de 9 novos cursos; decisão impacta formação de médicos no país, defende entidade

O que sustenta as negativas?

Um dos motivos para o MEC indeferir os pedidos de aumento de vagas e abertura de novos cursos é que os municípios onde os cursos seriam abertos estão acima da recomendação da OCDE — de 3,73 médicos por mil habitantes. O que não justificaria a necessidade de novas instituições superiores de Medicina.  

Mas a AMIES contesta, pois o MEC está considerando apenas os municípios onde as faculdades seriam criadas e não a região de saúde que atenderia toda a população, explica a advogada.

“Esses indeferimentos, caso mantidos em esfera recursal, significam que os municípios e suas regiões de saúde deixarão de ganhar. Seja no curto prazo, com atendimento médico à população carente, que é realizado pelos estudantes, professores e tutores. Seja a longo prazo, com a não formação de profissionais que seriam inseridos no mercado de trabalho e os médicos que atenderiam em UPAs, hospitais e consultórios.”  

Os impactos para as cidades negadas

​Caso o Ministério da Educação mantenha o entendimento de que somente municípios com menos de 3,73 médicos por mil habitantes precisam de mais médicos, sem considerar os dados das regiões de saúde onde estão inseridos os municípios, poderão haver 43 pedidos de abertura de novos cursos de Medicina negados pelo MEC nos próximos meses. É o que aponta um levantamento da AMIES.

​Segundo a entidade, se essa expectativa for confirmada, essas regiões continuarão lutando com a falta de profissionais e deixarão de ter novos profissionais formados ao término do ciclo da graduação. 

“​Além disso, os municípios deixarão de arrecadar cerca de R$ 280 milhões ao longo de seis anos – período necessário para a conclusão do curso de Medicina. Esse valor representa uma média do que essas 43 instituições pagariam de impostos, caso recebessem a autorização de funcionamento do MEC.”

Fonte: Brasil 61

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Inscrições para Fies do 2º semestre vão até 27 de agosto

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As inscrições para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o segundo semestre podem ser feitas pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) até dia 27 de agosto. É necessário ter uma conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.

Os estudantes interessados em aderir ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do segundo semestre podem solicitar adesão até dia 27 de agosto. Os candidatos podem se inscrever pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) a partir da conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.

Para se inscrever, o interessado precisa, ainda, informar e-mail pessoal válido, bem como nomes e número de registro no CPF dos membros de seu grupo familiar com idade igual ou superior a 14 anos. A renda bruta mensal de cada componente também deve ser informada.

O mestre em história social pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Colégio Militar em Brasília, Isaac Marra, aponta que o Fies é um instrumento importante para oferecer igualdade de oportunidade entre os estudantes brasileiros.

“Representa uma oportunidade ímpar, uma oportunidade única, de transformação social, qualificação social e econômica. Acaba se tornando uma política pública de prioridade. Uma priorização que garante que esses estudantes, sobretudo os mais vulneráveis socialmente, tenham acesso preferencial é o financiamento educacional”, pontua. 

Confira quem pode se inscrever no processo seletivo do Fies:

  • Ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir da edição de 2010, com nota válida até o momento anterior à abertura das inscrições, além de obtido média aritmética das notas nas cinco provas igual ou superior a 450 pontos;
  • Ter obtido nota na prova de redação do Enem acima de zero;
  • Possuir renda familiar mensal bruta per capita até três salários mínimos.

Os candidatos devem atender às seguintes condições acima cumulativamente.

Fonte: Brasil 61

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Servidores do INSS entram em greve por tempo indeterminado

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Reunião de negociação ocorre hoje no Ministério da Gestão

Por Agência Brasil

Os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) entraram em greve nesta terça-feira (16) por tempo indeterminado. Entre as reivindicações da categoria estão recomposição de perdas salariais, valorização profissional e melhores condições de trabalho.

A paralisação foi aprovada em plenária nacional realizada no sábado (13), convocada pela Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps). A entidade já havia notificado o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos sobre a possibilidade de paralisação. A pasta agendou uma nova rodada de negociação também nesta terça-feira.

No documento, a Fenasps informa que “após análise das propostas apresentadas pelo governo, entenderam que a negociação teve poucos avanços”. O texto diz ainda que, o governo, “em vez de apresentar proposta nova que fortaleça a carreira do Seguro Social, piora com o alongamento da carreira de 17 para 20 níveis e pela criação de gratificação de atividade”. A proposta, segundo a entidade, está muito aquém das perdas salariais da categoria, que superam os 53% no último período.

A pauta da Fenasps inclui a recomposição das perdas salariais; reestruturação das carreiras; cumprimento do acordo de greve de 2022; reconhecimento da carreira do Seguro Social como típica de Estado; nível superior para ingresso de Técnico do Seguro Social; incorporação de gratificações; jornada de trabalho de 30 horas para todos e cumprimento das jornadas de trabalho previstas em lei; revogação de normas que determinam o fim do teletrabalho e estabelecimento de programa de gestão de desempenho; condições de trabalho e direitos do trabalho para todos, independente da modalidade de trabalho; fim do assédio moral institucional; e reestruturação dos serviços previdenciários.

A entidade informa que no dia 31 deste mês encerra o prazo para o INSS se adequar à Instrução Normativa 24 (IN24), que transforma os atuais programas de gestão, em programas de Gestão e Desempenho, o que significa uma piora na pressão para cumprimento de metas e a possibilidade de desconto de salário no caso das metas não serem atingidas, bem como a abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra os servidores.

O INSS tem 19 mil servidores ativos no quadro. A maioria, 15 mil, formada por técnicos  responsáveis pela maioria dos serviços da instituição, além de 4 mil analistas. Ao todo, 50% dos servidores ainda estão no trabalho remoto.

Proposta

O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos informou que apresentou uma proposta à categoria que prevê ganho acumulado de 24,8% entre 2023 e 2026 para os servidores ativos e inativos. De acordo com a pasta, esse ganho cobre as perdas inflacionárias do governo atual e parte das perdas de gestões anteriores.

A atual proposta também prevê alongamento da carreira de 17 padrões para 20 padrões; manutenção da remuneração de ingresso do nível superior e nível intermediário com valorização do vencimento básico e criação de gratificação de atividade em substituição à Gratificação de Atividade Executiva (GAE).

“O governo tem realizado um grande esforço para atender as reivindicações de reestruturação das carreiras de todos os servidores federais, respeitando os limites orçamentários”, diz a nota do ministério.

Serviços

O INSS informou que mais de 100 serviços do órgão podem ser realizados pela plataforma Meu INSS, disponível para download em celulares com conexão com a internet e para acesso via computador. A Central de Atendimento 135 também funciona de segunda-feira a sábado, das 7h às 22h.

Os segurados que necessitarem de algum serviço do INSS, como requerimento, cumprir exigência, solicitar auxílio-doença, por exemplo, podem usar esses meios.

Ainda assim, a paralisação pode afetar os processos de concessão de benefícios como aposentadoria, pensões, Benefício de Prestação Continuada (BPC), atendimento presencial e análise de recursos e revisões. A mobilização não atinge a perícia médica.

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