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Brasil

Dia Mundial sem Carro: pandemia reforça uso de transporte sustentável

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O uso de transportes sustentáveis, como bicicletas, patinetes e caminhadas, foi reforçado no mundo desde o ano passado, em consequência da pandemia de covid-19. No Dia Mundial sem Carro, celebrado nesta quarta-feira (22), estudo mostra que andar a pé foi a modalidade que se tornou mais popular no período, com 78 pontos de satisfação em uma escala de zero a 100.

De acordo com o estudo Mobility Futures 2021: The Next Normal, da empresa de consultoria Kantar Insights, o maior aumento foi observado na Europa, onde houve incremento de 4,8% entre 2019 e 2020. O uso de bicicletas e patinetes também mostrou alta de 3% no mundo.

O uso de veículos coletivos teve queda. Transportes públicos, como ônibus e metrôs, tiveram redução global de 5,6% porque, apesar de contribuírem para o controle de poluentes, não são boas opções em um contexto de pandemia, já que aumentam o risco de contágio, informou a Kantar. Isso foi observado especialmente em São Paulo, onde as pessoas disseram não se sentir confortáveis usando transportes públicos, com medo da contaminação. Do mesmo modo, as iniciativas de compartilhamento de carros caíram 2,2%.

Para que a utilização de transportes coletivos aumente, é preciso que a pandemia “esteja, no mínimo, sob controle”, disse Luciana Pepe, gerente de Atendimento Sênior da Kantar Insights. “As pessoas desejam uma viagem que seja confiável, rápida, segura, que seja acessível dentro da cidade onde elas moram. Então, qualquer medida que apoie algum desses fatores vai ajudar a melhorar essa preferência pelos meios de transporte, sejam públicos ou mais alternativos, como a bicicleta e andar a pé”. É preciso, contudo, que os governos e iniciativa privada garantam segurança para os pedestres nas ruas e para os ciclistas, nas ciclovias, além de avanço tecnológico na questão da mobilidade, para ganhar maior confiança da população. Eles têm que caminhar juntos nessa mesma direção”, afirmou Luciana.

Desafio

O estudo mostra ainda que os automóveis continuam sendo o maior desafio em relação à mobilidade. “As longas distâncias e uma cultura que tem o veículo como principal meio de transporte, aliadas às medidas de distanciamento social e ao risco de contágio, fizeram com que o uso de automóveis crescesse 3,8%”. Aqui, o crescimento se refere ao uso do carro como motorista ou como passageiro.

O estudo ouviu mais de 9.500 habitantes de 13 cidades: Berlim e Munique (Alemanha), Bruxelas (Bélgica), Chicago e Nova York (Estados Unidos), Copenhague (Dinamarca), Londres (Inglaterra), Madri (Espanha), Milão (Itália), Mumbai (Índia), Paris (França), Pequim (China) e São Paulo (Brasil).

No caso de São Paulo, Luciana Pepe destacou que foi observada grande abertura das pessoas para usar diferentes meios de transporte para ir e vir do trabalho e nos deslocamentos por lazer. “A gente está falando de táxi, motocicleta, compartilhamento de carro. Tudo o que pode melhorar o deslocamento diário das pessoas acaba sendo bem-vindo”. Percebeu-se ainda muita semelhança de São Paulo com cidades de rápido desenvolvimento, como México e Mumbai, cuja infraestrutura não acompanha o desenvolvimento das populações, acarretando problemas de poluição do ar, congestionamento nas ruas e estradas, e transportes públicos no limite, com atrasos e falta de capilaridade.

Recuperação

Dados da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) revelam que apesar da pandemia, o ano de 2020 trouxe bons resultados para o mercado de bicicletas, com média de 50% de aumento nas vendas em comparação ao ano anterior. Segundo disse à Agência Brasil o diretor executivo da Aliança Bike, Daniel Guth, a forma de lidar com a pandemia acabou por favorecer o uso da bicicleta. “Como as pessoas precisavam manter a atividade física e queriam evitar as aglomerações, a bicicleta acabou se tornando um dos elementos importantes para viabilizar nossa vida. Por isso, ela ganhou tanto destaque no mundo inteiro”.

No primeiro semestre de 2021, não foi diferente. O Brasil teve expansão média de 34,17% nas vendas das bikes em relação ao mesmo período do ano passado. E a tendência continua para o resto do ano. “A procura continua muito alta”. Guth observou, porém, que desde o segundo semestre de 2020 para cá, ainda são muitos os problemas de fornecimento de insumos para a montagem de bicicletas no Brasil. O mercado ainda não normalizou a entrega de muitos componentes para fazer face à demanda. “Tem muita gente em lista de espera pela bicicleta de modelo específico. Em alguns casos, é preciso esperar semanas e até meses”, disse o diretor.

A perspectiva até o final de 2021 é ter ainda uma procura elevada, bem mais alta do que no momento pré-pandemia, “mas talvez não tão alta como o consolidado do ano passado inteiro”. O diretor da Aliança Bike destacou que no primeiro semestre de 2020, o setor sofreu impacto do fechamento das lojas nos meses de março e abril, além do consumo represado das famílias e do fechamento das fábricas na Ásia. Mesmo assim, o mercado começou a se recuperar a partir de maio, registrando pico nas vendas em julho, que mostrou crescimento de 118% sobre o mesmo mês de 2019. “Julho foi o pico”, comentou Guth. Em julho, os estoques acabaram e a partir de agosto, o mercado começou a ter problemas de entrega de produtos para os clientes.

Importação e emprego

Em 2021, a situação está bem melhor para o comércio varejista do setor. No primeiro semestre deste ano, foram US$ 199,5 milhões de recursos envolvidos no comércio exterior, somando exportação e importação, número 122% superior ao do mesmo período do ano passado. É o maior volume desde o início da série histórica em 2010. Daniel Guth revelou que componentes principais de uma bicicleta, como freio, câmbio e quadro, tiveram aumentos entre 150% e 200% na importação. “Este é um ano de recuperação do que nós perdemos no segundo semestre do ano passado. Muita gente está acelerando a montagem e a importação para atender a quem está em fila de espera. São praticamente vendas que já ocorreram”.

O incremento observado nas vendas do setor se refletiu também no mercado de trabalho. Em 2020, foram criados no comércio varejista do país 1.119 novos empregos formais. Em 2021, até julho, as novas vagas com carteira assinada somaram 1.259 no Brasil. Ele informou que no estado de São Paulo, considerando um ano e meio de pandemia, os empregos com carteira assinada no comércio varejista de bicicletas subiram 18%, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O estado que registrou o maior incremento em termos de novos empregos, no período, foi o Paraná (32%), seguido de Mato Grosso do Sul e do Tocantins (30% cada). O setor, no Brasil, contabiliza mais de 14 mil empregos formais diretos, totalizando quase 9 mil lojas especializadas.

Origem

O Dia Mundial sem Carro é celebrado em 22 de setembro. A data foi criada na França em 1997, e passou a ser adotada em vários países do continente no ano 2000. O objetivo é estimular a reflexão a respeito do uso excessivo de automóveis e fazer as pessoas experimentarem meios de deslocamento alternativos, menos poluentes e mais sustentáveis.

No Brasil, o movimento chegou em 2001, envolvendo 11 cidades: Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas (RS); Piracicaba (SP); Vitória (ES); Belém (PA); Cuiabá (MT), Goiânia (GO); Belo Horizonte (MG); Joinville (SC) e São Luís (MA). Na capital paulista, as atividades começaram em 2003.

Ações

Muitas ações estão programadas para comemorar a data. Em Niterói, região metropolitana do Rio, será realizado, a partir das 8h, o Passeio Ciclístico com a Educação, organizado pela Coordenadoria Niterói de Bicicleta e pela Fundação Municipal de Educação. O passeio sairá da fundação e percorrerá algumas das principais ciclovias da cidade, dirigindo-se até a Escola Municipal Julia Cortines, onde haverá inauguração de novos paraciclos instalados na instituição.

Outra pedalada coletiva para incentivar o uso da bicicleta no deslocamento diário das pessoas será promovida pelo Consulado dos Estados Unidos, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, de cujo calendário já faz parte desde 2009. A pedalada coletiva está alinhada à agenda mundial pela mobilidade urbana sustentável. A concentração está marcada para as 7h, no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, zona sul da cidade. O passeio ciclístico terminará na Praça XV, no centro da capital fluminense, passando pela Enseada de Botafogo e Aterro do Flamengo. O retorno começará na Praça Manuel Bandeira, também na região central, e terminará novamente no Arpoador.

Participarão do trajeto funcionários brasileiros e estrangeiros de consulados de diversos países, sediados no Rio de Janeiro, e membros da comunidade ciclista, para simbolizar a integração das nações em prol de uma mobilidade mais saudável e sustentável. “Usar a bicicleta para se locomover na cidade é uma forma ideal de alcançar isso. Quanto mais pedalamos, mais limpa e segura a cidade será, e, consequentemente, o bem-estar urbano resulta numa economia mais próspera. Como representantes de países ao redor do mundo, precisamos fazer nossa parte no enfrentamento da crise climática, tendo resiliência para responder aos grandes desafios com pequenas atitudes no nosso dia a dia”, afirmou Paco Perez, diretor da Seção de Imprensa e Cultura do consulado americano.

Em Curitiba (PR), às 18h30, acontecerá a Marcha das 2021 Bicicletas. A concentração será na Praça Santos Andrade, em frente ao Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O movimento propõe “vamos todos pedalar juntos por uma cidade mais humana, limpa e saudável”. Os organizadores do evento, que pertencem à Bicicletada Curitiba, recomendam que os ciclistas usem máscaras e álcool em gel.

Às 20h, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, haverá uma pedalada em defesa das ciclovias no bairro da Freguesia e adjacências. O passeio sairá da Praça Professora Camisão, na Freguesia, e é promovido pela Associação de Moradores e Amigos do bairro. A pedalada visa à expansão da rede cicloviária da região, assim como à melhor manutenção da ciclovia já existente”, disseram os organizadores.

Por Agência Brasil

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Brasil

Censo 2022: número de católicos cai, enquanto evangélicos avançam

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Entre 2010 e 2022, percentual de católicos caiu quase 9 pontos; evangélicos crescem no Norte e Centro-Oeste, segundo dados do IBGE

No Brasil, mais de 60% dos moradores da Região Nordeste e do Sul são adeptos do catolicismo. Apesar do quantitativo, de 2010 a 2022, houve uma redução no número de católicos no país – caindo de 65,1% para 56,7% em 2022. Em contrapartida, houve um aumento na proporção de evangélicos, passando de 21,6% em 2010 para 26,9% em 2022. Entre as regiões, os evangélicos estavam em maior número no Norte e no Centro-Oeste. Os dados são do Censo Demográfico de 2022, Religiões: Resultados preliminares da amostra, do IBGE.

Os resultados apontam, ainda, que houve aumento nas religiões de umbanda e candomblé – de 0,3 % em 2010 para 1,0%, em 2022. Outro crescimento foi registrado em outras religiosidades, de 2,7% para 4,0%. Além disso, foi observado um pequeno  declínio na religião espírita, que caiu de 2,2% para 1,8%. Já as religiosidades de tradições indígenas representaram 0,1% das declarações.

Percentuais por região do Brasil

Apesar da redução de católicos no país entre 2010 e 2022, naquele ano o catolicismo liderou em todas as grandes regiões do Brasil – com maior concentração no Nordeste, com 63,9%, e no Sul, sendo 62,4% da população católica. A menor proporção de católicos foi notada na Região Norte, 50,5%.

Por outro lado, os evangélicos estavam em maior proporção no Norte, sendo 36,8%, e no Centro-Oeste, com 31,4%. O menor percentual foi identificado no Nordeste, de 22,5%.

Na Região Sudeste, o destaque vai para aqueles que se declararam espíritas (2,7%). Além disso, os umbandistas e candomblecistas estavam mais presentes no Sul (1,6%) e no Sudeste (1,4%). O Sudeste também reunia, em 2022, a maior quantidade de pessoas sem religião, totalizando 10,5% – a única com proporção acima da média do país, representando 7,9 milhões de pessoas. Nesse aspecto, a menor proporção estava na Região Sul, com 7,1%.

Religião nos estados brasileiros

Os membros da Igreja Católica Apostólica Romana também lideram em relação ao montante de adeptos nas unidades da federação. Das 27 UFs, 13 possuem proporção de católicos apostólicos romanos superior à média nacional, de 56,7%, na população com 10 anos ou mais de idade.

O Piauí registrou a maior proporção registrada no país, com 77,4% da população católica. O estado também tem o menor percentual de evangélicos (15,6%). 

Conforme o Censo 2022, as menores proporções de católicos apostólicos romanos foram encontradas em Roraima, com 37,9%, Rio de Janeiro e Acre,38,9%.

Já em relação aos evangélicos, a maior proporção foi identificada no Acre, sendo 44,4% da população – e a menor no Piauí, com 15,6%. 

O Rio de Janeiro tinha, portanto, o maior quantitativo proporcional de espíritas (3,5%). Por sua vez, a maior proporção de praticantes de Umbanda e Candomblé foi encontrada no Rio Grande do Sul (3,2%).

Quanto à população sem religião entre as unidades da federação, Roraima e Rio de Janeiro tiveram a maior proporção de pessoas sem religião, sendo 16,9%, além de outras religiosidades, com 7,8%, e de adeptos de tradições indígenas, totalizando 1,7%. Na outra ponta, as menores proporções foram identificadas no Piauí (4,3%), Ceará (5,3%) e Minas Gerais (5,7%).

Fonte: Brasil 61

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Brasil

AGU pede decisão urgente contra fraudes e violência nas redes sociais

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A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu nesta segunda-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma decisão urgente para obrigar plataformas de redes sociais que operam no Brasil a interromperem a disseminação de notícias falsas e impedirem a violência digital

A AGU sustenta que a medida urgente é necessária diante da “continuada conduta omissiva dos provedores de aplicação de internet em remover e fiscalizar de forma efetiva os mencionados conteúdos, em desrespeito aos deveres de prevenção, precaução e segurança”.

O pedido aponta para os episódios mais recentes de fraudes relativas à Operação Sem Desconto, que apura descontos indevidos feitos por associações nas aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 

Um levantamento feito na biblioteca de anúncios da empresa Meta, dona das plataformas Facebook e Instagram, por exemplo, identificou mais de 300 anúncios fraudulentos prometendo falsas indenizações do INSS, usando imagens manipuladas de figuras públicas e logotipos oficiais.

No texto, a AGU cita também episódios recentes de violência digital, como a morte, em abril, de uma criança de 8 anos no Distrito Federal. A polícia investiga a relação do óbito com o desafio do desodorante, em que crianças são estimuladas por meio de plataformas como Kwai e Tik Tok, a inalar o spray do produto. 

Assim como em manifestações anteriores, a AGU defende que as empresas responsáveis pelas redes sociais que “impulsionam, moderam ou recomendam conteúdo ilícito devem ser responsabilizadas independentemente de notificação judicial”

O órgão menciona reportagem publicada pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal, em 15 de maio, segundo a qual haveria “uma deliberada falta de interesse da empresa Meta na verificação de anúncios”

Segundo a reportagem, uma análise interna feita em 2022 pela empresa identificou que 70% dos anúncios recentes da plataforma faziam propaganda de golpes, itens ilegais ou produtos de baixa qualidade. 

Ainda segundo documentos internos, os quais o jornal diz ter analisado, a Meta tem se mostrado resistente em derrubar esses anúncios, diante de uma alta de 22% no faturamento da empresa com propaganda, que foi de US$ 160 bilhões no ano passado

Seriam necessárias, por exemplo, entre oito a 32 infrações antes de uma conta fraudulenta ser banida das plataformas da Meta.

Entenda

O pedido da AGU foi feito nos processos em que o Supremo julga a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da InternetO dispositivo prevê que as empresas só podem ser responsabilizadas por publicações de terceiros nas redes sociais se antes houver uma ordem judicial para derrubar cada conteúdo específico. 

O Supremo já começou a julgar um recurso sobre o assunto, com repercussão geral, ou seja, ao final do julgamento os ministros devem estabelecer uma tese, um enunciado, declarando o entendimento que deve ser seguido por todos os tribunais sobre o assunto. 

A análise mais recente do tema pelo plenário ocorreu em dezembro, quando um pedido de vista do ministro André Mendonça interrompeu o julgamento. 

O placar está em 2 a 1 pela responsabilização imediata das plataformas no caso de publicação de conteúdos ilícitos, sem a necessidade de que a remoção desse conteúdo tenha sido determinada antes por ordem judicial. 

Votaram nesse sentido os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, que defendem uma responsabilização ampla das plataformas caso não derrubem publicações e anúncios com teor ilícito. Para eles, é necessário que as empresas promovam um monitoramento ativo sobre o que é publicado em suas redes. 

O ministro Luís Roberto Barroso divergiu em parte, argumentando que seria imprescindível o descumprimento de alguma ordem judicial para que as plataformas possam ser responsabilizadas nos casos de crimes contra a honra, como a exposição de imagem sem autorização ou a calúnia e difamação.

Barroso reconheceu, contudo, que o artigo 19 não incentiva as plataformas a impedirem violações contra direitos fundamentais e democráticos, pelas quais as empresas poderiam ser responsabilizadas antes de descumprirem ordem judicial de remoção, sobretudo nos caso de anúncios e de impulsionamento pagos. 

Ainda não há data definida para que o tema volte a ser julgado pelo plenário do Supremo. A AGU já solicitou, em mais de uma ocasião, celeridade no desfecho do julgamento.

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Lula sanciona lei que restringe uso de celular em escolas

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Medida vai entrar em vigor neste ano letivo

Por Agência Brasil

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta segunda-feira (13) o Projeto de Lei 104/2015, que restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, sobretudo telefones celulares, nas salas de aula de escolas públicas e privadas do ensino básico em todo o país. Um decreto do presidente, que sairá em até 30 dias, vai regulamentar a nova legislação, para que passe valer para o início do ano letivo, em fevereiro. O projeto de lei foi aprovado no fim do ano passado pelo Congresso Nacional.  

“Essa sanção aqui significa o reconhecimento do trabalho de todas as pessoas sérias que cuidam da educação, de todas as pessoas que querem cuidar das crianças e adolescentes desse país”, afirmou o presidente, que fez questão de elogiar o trabalho dos parlamentares que aprovaram a medida.

Brasília (DF), 13/01/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação Camilo Santana, durante a cerimônia de Sanção do Projeto de Lei n° 4.932/2024, que dispõe sobre a utilização, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais nos estabelecimentos públicos e privados de ensino da educação básica, no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Brasília (DF), 13/01/2025 – Lula e Camilo Santana durante a cerimônia de sanção do projeto de lei que restringe o uso de celular nas escolas – Ricardo Stuckert/PR

“Imagina uma professora dando aula e, quando ela olha para os alunos, está cada um olhando para o celular, um tá na China, outro tá na Suécia, outro tá no Japão, outro está em outro estado conversando com gente que não tem nada a ver com a aula que ela está recebendo. A gente precisa voltar a permitir que o humanismo não seja trocado por algoritmo”, enfatizou Lula ao comentar sobre a nova lei.

Países como França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e Holanda já adotam legislações que restringem uso de celular em escolas. Apoiado pelo governo federal e por especialistas, o projeto alcançou um amplo consenso no Legislativo, unindo governistas e oposicionistas.

“Não dá para um aluno estar na sala de aula, no Tiktok, na rede social, quando o professor está dando aula. Toda vez que um aluno recebe uma notificação, é como se ele saísse da sala de aula. Toda vez que ele recebe uma notificação quando ele está numa roda de conversa, é como se a gente perdesse a atenção dele”, afirmou o secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, que é deputado federal licenciado e autor do projeto na Câmara. Ele classificou o projeto como uma das principais vitórias do século na educação brasileira.

O que diz a lei

De acordo com o ministro da Educação, Camilo Santana, a lei restringe o uso em sala de aula e nos intervalos, para fins pessoais, mas há exceções, como o uso para finalidade pedagógica, sob supervisão dos professores, ou em casos de pessoas que necessitem de apoio do aparelho para acessibilidade tecnológica ou por alguma necessidade de saúde.  

“Nós não somos contra acesso a tecnologias, até porque não há mais retorno no mundo de hoje. Mas nós queremos que essa tecnologia, essa ferramenta, seja utilizada de forma adequada e, principalmente, nas faixas [etárias] importantes da vida das crianças e adolescentes”, afirmou o ministro, que alertou sobre o uso cada vez mais precoce e prolongado do celular por crianças.

“Estamos fazendo uma ação na escola, mas é importante conscientizar os pais de limitar e controlar o uso desses aparelhos fora de sala de aula, fora da escola”, acrescentou Camilo Santana.

O ministro pediu engajamento das famílias e das comunidades escolares para fazer valer a nova lei.

Brasília (DF), 13/01/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação Camilo Santana, durante a cerimônia de Sanção do Projeto de Lei n° 4.932/2024, que dispõe sobre a utilização, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais nos estabelecimentos públicos e privados de ensino da educação básica, no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Brasília (DF), 13/01/2025 – Camilo Santana pede o engajamento dos pais – Ricardo Stuckert/PR

A secretária nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, que coordena a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), afirmou que o colegiado vai publicar orientação para as redes públicas e privadas. “O Conselho Nacional de Educação vai fazer uma resolução que oriente as redes, as escolas, de como fazer isso sem parecer uma opressão”, disse. O MEC também deve publicar guias com orientações para as escolas de todo o país.

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