As geadas que assolam os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país atingiram plantações importantes para a produção nacional de café em São Paulo, Paraná e no sul de Minas Gerais, e a estimativa é de grandes perdas nas lavouras e preços ‘amargos’ no mercado interno.
Na última semana, o valor da saca de 60 kg do café arábica subiu 15% e chegou a custar R$ 1.028,35, alta de R$ 162,00 entre segunda-feira (19) e sexta-feira (23). O café robusta teve valor 5% mais alto e a saca custou R$ 565,84 na manhã do dia 23 no indicador Cepea.
“O mercado tem respondido ao impacto do clima frio. Os produtores ainda não avaliaram os reais impactos nas lavouras atingidas, mas o mercado já está respondendo com preocupação pela produção da próxima temporada”, explica Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Cepea.
Ainda não é possível ter estimativa total dos prejuízos da geada nas lavouras de café, até porque, as frentes frias não cessaram e há previsão de novas geadas nas regiões cafeeiras nesta semana, como prevê o Inmet.
No entanto, as primeiras análises feitas por produtores, exportadores e especialistas, afirmam que os transtornos podem afetar as colheitas nas lavouras de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, e os maiores prejudicados podem ser os médios e pequenos produtores.
“Quem conseguir segurar o café para vender mais para frente seria uma grande vantagem. O pequeno produtor não consegue segurar o café porque tem de vender para pagar as contas”, lembra Robert Santos, classificador de café da fazenda Zancanaro.
Os alertas de geadas estão diminuindo nos estados do Sudeste, mas ainda existem para a região dos municípios de Ponta Grossa e Irati, no Paraná. Os municípios de Caxias do Sul e Santa Maria, no Rio Grande do Sul, também estão na rota das geadas. As temperaturas mínimas podem variar entre zero e 12°C, na região Sul do país, e entre 9°C e 21°C na região Sudeste.
Seca
As plantações de café estão sofrendo fortemente com as ações climáticas desde o fim de 2020, quando uma intensa seca predominou nas regiões produtoras dificultando o desenvolvimento das plantas e, por consequência, abaixando a expectativa de produção da safra 2021/2022.
O produtor Ângelo Uliana conta que cerca de 70% da lavoura de café na região de Brejetuba, no Espírito Santo, segundo maior estado produtor do país, foi afetada pela seca e a expectativa de colheita não é boa.
“Tivemos um período de estiagem prolongado durante a florada e a colheita dos frutos que afetou a produção. A queda de produção de café no nosso município foi de 70%, aproximadamente”, disse Ângelo Uliana.
Exportações
Ao contrário das incertezas sobre a produção futura de café no país, a venda do fruto colhido na temporada 2020/21 tem alcançado resultados recordes no mercado internacional.
Em junho, o café brasileiro faturou mais de US$ 423 milhões com a negociação de 3 milhões de sacas que contribuíram para a venda total na temporada de 45.6 milhões de sacas. De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – Cecafé, o número é 13% maior em comparação a venda de café no exterior durante a temporada 2019/2020.
“Isso foi o café colhido em 2020. Nós estamos colhendo a safra 2021 e esse café sofreu com o clima e é bem provável que a próxima temporada exportação seja menor”, avalia Ricardo Garcia Ribeiro, do Cepea.
Providências
Na sexta-feira (23), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, visitou áreas atingidas pelas geadas no Sul de Minas Gerais. Em Alfenas (MG), Tereza Cristina propôs ações de análise dos prejuízos causados pela geada nas plantações de café e sugeriu que o trabalho fosse realizado em conjunto entre os governos e produtores.
“Nós vamos trabalhar em conjunto no Ministério da Agricultura, no estado de Minas Gerais, com os prefeitos, com as cooperativas, para que a gente ache essa solução conjunta para todos. Contem conosco”, afirmou Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Presidente do STF sinalizou ser contra anistia dos condenados de 8/01
Por agencia Brasil
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta quinta-feira (14) que as explosões ocorridas na frente da sede do tribunal revelam a necessidade de responsabilização de quem atenta contra a democracia.
Durante abertura da sessão desta tarde, Barroso disse que as explosões demonstram a tentativa de deslegitimar a democracia no Brasil.
“A gravidade do atentado de ontem nos alerta para a preocupante realidade que persiste no Brasil – a ideia de aplacar e deslegitimar a democracia e suas instituições. Reforça também e, sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”, afirmou.
O presidente também disse que o episódio mostra a periculosidade das pessoas com as quais a Corte lida.
“Apesar de estarmos no calor dos acontecimentos e no curso das apurações, precisamos, como país e sociedade, de uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo entre nós”, declarou.
Anistia
Barroso também citou os atos golpistas de 8 de janeiro e sinalizou ser contra a anistia aos condenados pela Corte.
“Relativamente a este último episódio, algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar sem antes sequer condenar”, completou.
Gilmar Mendes
O ministro Gilmar Mendes, decano da Corte, afirmou que as explosões não se tratam de um fato isolado. Segundo o ministro, o discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram “largamente estimulados” pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro.
“As investidas contra a democracia têm ocorrido explicitamente, à luz do dia, sem cerimônia nem pudor. Condutas como as de ontem, juntam-se a diversas outras já vivenciadas”, disse.
Mendes também aproveitou para defender a regulação das redes sociais e também rechaçou a possiblidade de anistia dos condenados pelo 8 de janeiro.
“A meu sentir, a revisitação dos fatos que antecederam aos ataques de ontem é pressuposto para a realização de um debate racional sobre a defesa de nossas instituições, sobre a regulação das redes sociais e sobre eventuais propostas de anistiar criminosos”, completou.
Ataque
Vídeo das câmeras de segurança do STF mostram o chaveiro Francisco Wanderley Luiz atirando artefatos explosivos em direção à escultura A Justiça, que fica em frente ao prédio da Corte e, em seguida, acendendo outro no próprio corpo. Momentos antes, o carro dele também explodiu no estacionamento próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados.
Enquanto a média de profissionais médicos recomendados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) deve ser de 3,73/1000 habitantes, cidades das regiões Norte e Nordeste do país têm menos de dois médicos por mil habitantes. É o que mostra um levantamento da Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (AMIES).
Estados como o Maranhão, na região Nordeste, e o Pará, na região Norte, contam com os menores índices de médicos por mil habitantes: 1,13 e 1,22, respectivamente. Outros estados também se destacam negativamente pela falta de profissionais, como o Piauí, com 1,40 médico, Acre, com 1,46 médico, Bahia, com 1,90 médico e Ceará, com 1,95 médico por mil habitantes.
Somando as regiões Norte e Nordeste, são mais de 71 milhões de habitantes e apenas 130 mil médicos, números que reforçam a carência de profissionais.
Novos cursos negados
Para ampliar o número de cursos de Medicina e de vagas nessas regiões, diversos centros universitários pedem junto ao MEC, ou por meio de ações na justiça, a abertura dessas vagas. Só na última semana, segundo levantamento da AMIES, de 13 pedidos nas regiões Norte e Nordeste seis foram indeferidos pelo MEC. Os outros sete ainda estão em processamento.
Um dos motivos para o MEC indeferir os pedidos de aumento de vagas e abertura de novos cursos é que os municípios onde os cursos seriam abertos estão acima da recomendação da OCDE — de 3,73 médicos por mil habitantes. O que não justificaria a necessidade de novas instituições superiores de Medicina.
Mas a AMIES contesta, pois o MEC está considerando apenas os municípios onde as faculdades seriam criadas e não a região de saúde que atenderia toda a população, explica a advogada.
“Esses indeferimentos, caso mantidos em esfera recursal, significam que os municípios e suas regiões de saúde deixarão de ganhar. Seja no curto prazo, com atendimento médico à população carente, que é realizado pelos estudantes, professores e tutores. Seja a longo prazo, com a não formação de profissionais que seriam inseridos no mercado de trabalho e os médicos que atenderiam em UPAs, hospitais e consultórios.”
Os impactos para as cidades negadas
Caso o Ministério da Educação mantenha o entendimento de que somente municípios com menos de 3,73 médicos por mil habitantes precisam de mais médicos, sem considerar os dados das regiões de saúde onde estão inseridos os municípios, poderão haver 43 pedidos de abertura de novos cursos de Medicina negados pelo MEC nos próximos meses. É o que aponta um levantamento da AMIES.
Segundo a entidade, se essa expectativa for confirmada, essas regiões continuarão lutando com a falta de profissionais e deixarão de ter novos profissionais formados ao término do ciclo da graduação.
“Além disso, os municípios deixarão de arrecadar cerca de R$ 280 milhões ao longo de seis anos – período necessário para a conclusão do curso de Medicina. Esse valor representa uma média do que essas 43 instituições pagariam de impostos, caso recebessem a autorização de funcionamento do MEC.”
As inscrições para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o segundo semestre podem ser feitas pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) até dia 27 de agosto. É necessário ter uma conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.
Os estudantes interessados em aderir ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do segundo semestre podem solicitar adesão até dia 27 de agosto. Os candidatos podem se inscrever pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) a partir da conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.
Para se inscrever, o interessado precisa, ainda, informar e-mail pessoal válido, bem como nomes e número de registro no CPF dos membros de seu grupo familiar com idade igual ou superior a 14 anos. A renda bruta mensal de cada componente também deve ser informada.
O mestre em história social pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Colégio Militar em Brasília, Isaac Marra, aponta que o Fies é um instrumento importante para oferecer igualdade de oportunidade entre os estudantes brasileiros.
“Representa uma oportunidade ímpar, uma oportunidade única, de transformação social, qualificação social e econômica. Acaba se tornando uma política pública de prioridade. Uma priorização que garante que esses estudantes, sobretudo os mais vulneráveis socialmente, tenham acesso preferencial é o financiamento educacional”, pontua.
Confira quem pode se inscrever no processo seletivo do Fies:
Ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir da edição de 2010, com nota válida até o momento anterior à abertura das inscrições, além de obtido média aritmética das notas nas cinco provas igual ou superior a 450 pontos;
Ter obtido nota na prova de redação do Enem acima de zero;
Possuir renda familiar mensal bruta per capita até três salários mínimos.
Os candidatos devem atender às seguintes condições acima cumulativamente.