Discutida já há vários anos, a modernização do setor elétrico precisa avançar no Brasil. Na avaliação do diretor-executivo do Conselho Mundial de Energia e professor da PUC-MG, Nelson Fonseca, enquanto a modernização regulatória não chega, a migração dos consumidores regulados para o mercado livre implica na transferência de custo para os pequenos consumidores.
“Nós temos um desafio muito grande, que é atualizar o modelo institucional do setor elétrico. Nós precisamos trabalhar nesse modelo que foi construído em 2004. Precisamos introduzir mudanças para evitar que todos os custos das mudanças que vêm sendo implantadas recaiam sobre o consumidor cativo de energia elétrica. Nós temos que evitar que a dona de casa, o consumidor residencial, o pequeno comércio acabe pagando a conta”.
A declaração foi feita durante o workshop “Principais desafios para o novo modelo do setor elétrico” realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quarta-feira (26). Durante o evento, foram debatidos os principais desafios enfrentados pelo setor, sugestões de aprimoramento do modelo do setor elétrico e os principais projetos de lei em tramitação sobre o tema.
Na visão do diretor do Conselho Mundial de Energia, uma das soluções para esse entrave é separar as atividades de distribuição e comercialização de energia.
“Uma das formas de fazer isso é nós separarmos a atividade da distribuidora, que nós chamamos de fio da energia. É nós arranjarmos uma solução para os encargos setoriais. Esses encargos setoriais são responsáveis por 90% do que o consumidor paga e a gente conseguiria reduzir 14% na conta de energia elétrica, se nós trabalhássemos esses encargos”, explica.
O professor fez ponderações aos subsídios cobrados na conta de luz. Um deles é a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que paga o combustível das usinas a óleo diesel nas regiões que não são interligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Já a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) inclui várias finalidades, como o incentivo às fontes renováveis e o subsídio para consumidores de baixa renda.
“Nós achamos que esses subsídios são meritórios, porém eles deveriam ser pagos pelo contribuinte, pelo pagador de impostos, e não pelo consumidor de energia elétrica”, afirma.
Mudanças na legislação
Durante o workshop foram abordados os principais projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional. Dentre eles, o mais debatido foi o PL 414/2021, que trata da modernização e expansão do setor elétrico. Na visão de Nelson Fonseca, a aprovação do projeto de lei solucionaria os principais problemas enfrentados pelo setor.
“O PL 414, no meu ponto de vista, é uma forma de resolver grande parte desses problemas que eu citei. O PL 414 endereça soluções para esse tipo de problema. Então, eu acho que a gente deveria dar um estímulo para obter um engajamento maior do Poder Executivo na aprovação desse projeto”, disse.
Para o gerente de Energia da CNI, Roberto Wagner, é urgente uma regulação bem feita para que o setor funcione melhor.
“As mudanças têm acontecido, têm sido muito rápidas, como o caso da geração distribuída, dessas novas energias como eólica e solar, que estão entrando muito forte e precisam de um tempinho para arrumar a casa. O setor só tem a ficar mais forte e vai ser um dos setores destaque, principalmente destaque do ponto de vista ambiental. O Brasil tem uma das matrizes mais renováveis do mundo e tende a ficar cada vez mais renovável e limpa. E isso vai ser sempre por um diferencial, uma vantagem para o Brasil”, afirma.
Presidente do STF sinalizou ser contra anistia dos condenados de 8/01
Por agencia Brasil
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta quinta-feira (14) que as explosões ocorridas na frente da sede do tribunal revelam a necessidade de responsabilização de quem atenta contra a democracia.
Durante abertura da sessão desta tarde, Barroso disse que as explosões demonstram a tentativa de deslegitimar a democracia no Brasil.
“A gravidade do atentado de ontem nos alerta para a preocupante realidade que persiste no Brasil – a ideia de aplacar e deslegitimar a democracia e suas instituições. Reforça também e, sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”, afirmou.
O presidente também disse que o episódio mostra a periculosidade das pessoas com as quais a Corte lida.
“Apesar de estarmos no calor dos acontecimentos e no curso das apurações, precisamos, como país e sociedade, de uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo entre nós”, declarou.
Anistia
Barroso também citou os atos golpistas de 8 de janeiro e sinalizou ser contra a anistia aos condenados pela Corte.
“Relativamente a este último episódio, algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar sem antes sequer condenar”, completou.
Gilmar Mendes
O ministro Gilmar Mendes, decano da Corte, afirmou que as explosões não se tratam de um fato isolado. Segundo o ministro, o discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram “largamente estimulados” pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro.
“As investidas contra a democracia têm ocorrido explicitamente, à luz do dia, sem cerimônia nem pudor. Condutas como as de ontem, juntam-se a diversas outras já vivenciadas”, disse.
Mendes também aproveitou para defender a regulação das redes sociais e também rechaçou a possiblidade de anistia dos condenados pelo 8 de janeiro.
“A meu sentir, a revisitação dos fatos que antecederam aos ataques de ontem é pressuposto para a realização de um debate racional sobre a defesa de nossas instituições, sobre a regulação das redes sociais e sobre eventuais propostas de anistiar criminosos”, completou.
Ataque
Vídeo das câmeras de segurança do STF mostram o chaveiro Francisco Wanderley Luiz atirando artefatos explosivos em direção à escultura A Justiça, que fica em frente ao prédio da Corte e, em seguida, acendendo outro no próprio corpo. Momentos antes, o carro dele também explodiu no estacionamento próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados.
Enquanto a média de profissionais médicos recomendados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) deve ser de 3,73/1000 habitantes, cidades das regiões Norte e Nordeste do país têm menos de dois médicos por mil habitantes. É o que mostra um levantamento da Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (AMIES).
Estados como o Maranhão, na região Nordeste, e o Pará, na região Norte, contam com os menores índices de médicos por mil habitantes: 1,13 e 1,22, respectivamente. Outros estados também se destacam negativamente pela falta de profissionais, como o Piauí, com 1,40 médico, Acre, com 1,46 médico, Bahia, com 1,90 médico e Ceará, com 1,95 médico por mil habitantes.
Somando as regiões Norte e Nordeste, são mais de 71 milhões de habitantes e apenas 130 mil médicos, números que reforçam a carência de profissionais.
Novos cursos negados
Para ampliar o número de cursos de Medicina e de vagas nessas regiões, diversos centros universitários pedem junto ao MEC, ou por meio de ações na justiça, a abertura dessas vagas. Só na última semana, segundo levantamento da AMIES, de 13 pedidos nas regiões Norte e Nordeste seis foram indeferidos pelo MEC. Os outros sete ainda estão em processamento.
Um dos motivos para o MEC indeferir os pedidos de aumento de vagas e abertura de novos cursos é que os municípios onde os cursos seriam abertos estão acima da recomendação da OCDE — de 3,73 médicos por mil habitantes. O que não justificaria a necessidade de novas instituições superiores de Medicina.
Mas a AMIES contesta, pois o MEC está considerando apenas os municípios onde as faculdades seriam criadas e não a região de saúde que atenderia toda a população, explica a advogada.
“Esses indeferimentos, caso mantidos em esfera recursal, significam que os municípios e suas regiões de saúde deixarão de ganhar. Seja no curto prazo, com atendimento médico à população carente, que é realizado pelos estudantes, professores e tutores. Seja a longo prazo, com a não formação de profissionais que seriam inseridos no mercado de trabalho e os médicos que atenderiam em UPAs, hospitais e consultórios.”
Os impactos para as cidades negadas
Caso o Ministério da Educação mantenha o entendimento de que somente municípios com menos de 3,73 médicos por mil habitantes precisam de mais médicos, sem considerar os dados das regiões de saúde onde estão inseridos os municípios, poderão haver 43 pedidos de abertura de novos cursos de Medicina negados pelo MEC nos próximos meses. É o que aponta um levantamento da AMIES.
Segundo a entidade, se essa expectativa for confirmada, essas regiões continuarão lutando com a falta de profissionais e deixarão de ter novos profissionais formados ao término do ciclo da graduação.
“Além disso, os municípios deixarão de arrecadar cerca de R$ 280 milhões ao longo de seis anos – período necessário para a conclusão do curso de Medicina. Esse valor representa uma média do que essas 43 instituições pagariam de impostos, caso recebessem a autorização de funcionamento do MEC.”
As inscrições para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o segundo semestre podem ser feitas pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) até dia 27 de agosto. É necessário ter uma conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.
Os estudantes interessados em aderir ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do segundo semestre podem solicitar adesão até dia 27 de agosto. Os candidatos podem se inscrever pelo sistema de Seleção do Fies (FiesSeleção) a partir da conta Gov.br. O resultado deve ser divulgado em 9 de setembro.
Para se inscrever, o interessado precisa, ainda, informar e-mail pessoal válido, bem como nomes e número de registro no CPF dos membros de seu grupo familiar com idade igual ou superior a 14 anos. A renda bruta mensal de cada componente também deve ser informada.
O mestre em história social pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Colégio Militar em Brasília, Isaac Marra, aponta que o Fies é um instrumento importante para oferecer igualdade de oportunidade entre os estudantes brasileiros.
“Representa uma oportunidade ímpar, uma oportunidade única, de transformação social, qualificação social e econômica. Acaba se tornando uma política pública de prioridade. Uma priorização que garante que esses estudantes, sobretudo os mais vulneráveis socialmente, tenham acesso preferencial é o financiamento educacional”, pontua.
Confira quem pode se inscrever no processo seletivo do Fies:
Ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir da edição de 2010, com nota válida até o momento anterior à abertura das inscrições, além de obtido média aritmética das notas nas cinco provas igual ou superior a 450 pontos;
Ter obtido nota na prova de redação do Enem acima de zero;
Possuir renda familiar mensal bruta per capita até três salários mínimos.
Os candidatos devem atender às seguintes condições acima cumulativamente.