As principais economias mundiais vão produzir, até 2030, mais do dobro da quantidade de carvão, petróleo e gás dos níveis necessários para manter vivas as metas climáticas estabelecidas no acordo de Paris. Os planos dos governos para extrair combustíveis fósseis até 2030 são incompatíveis com a manutenção das temperaturas globais em níveis seguros, diz a Organização das Nações Unidas (ONU).
O relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mede a diferença entre a produção de combustíveis fósseis prevista pelos governos e os níveis de produção consistentes com o cumprimento dos limites de temperatura estabelecidos em Paris.
No acordo de Paris, as nações comprometerem-se a limitar o aumento de temperatura média a menos de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, tentando limitá-los ainda mais, a 1,5º C. A meta é considerada impossível de ser alcançada pelo que indica o documento agora divulgado pelas Nações Unidas.
Os 15 grandes produtores de combustíveis fósseis mundiais planejam produzir, até 2030, 110% mais combustíveis fósseis do que seria consistente com o acordo para limitar o aquecimento a 1,5° C, e 45% a mais do que a meta dos 2° C.
Os países analisados no relatório foram a Austrália, o Brasil, Canadá, a China, Alemanha, Índia, Indonésia, o México, a Noruega, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, os Emirados Árabes, o Reino Unido e os Estados Unidos.
No início deste ano, pesquisadores do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas alertaram sobre o perigo para a humanidade caso a temperatura suba mais do que 1.5ºC neste século. Eles avisaram que para que isso não aconteça é preciso cortar as emissões de carbono em cerca de 45% até 2030.
O relatório da ONU é divulgado a poucos dias do encontro, em Glasgow, de representantes de quase 200 países para negociações sobre o clima – a COP26. A iniciativa, que tinha como objetivo fortalecer as ações de combate ao aquecimento global no Acordo de Paris de 2015, parece, a cada dia, condenada ao fracasso.
Com base no documento da ONU, os 15 países mencionados caminham no sentido contrário, ou seja, de aumento da produção de combustíveis fósseis.
Por Agência Brasil