O número de novos registros médicos emitidos no Brasil mais do que dobrou no País em 12 anos e bateu recorde em 2022, segundo dados da nova edição da Demografia Médica, divulgada nesta segunda-feira pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). No ano passado, 39.551 profissionais entraram no mercado de trabalho. Em 2010, foram 18.781. O volume de novos médicos passou a ter aumento expressivo a partir de 2020, quando pela primeira vez o total de profissionais ingressantes no mercado ficou acima de 30 mil. O período coincide com a graduação dos alunos das dezenas de novos cursos abertos a partir de 2013, com a criação do programa Mais Médicos, que expandiu vagas.
Com os quase 40 mil novos médicos que obtiveram registro no ano passado, o número de doutores atuando no País chega hoje a 545,5 mil, o que representa uma taxa de 2,56 médicos por mil habitantes, índice similar ao de países desenvolvidos como Canadá (2,7), Estados Unidos (2,6) e Japão (2,5). Em 2010, a densidade brasileira era de 1,76 médico por mil habitantes. No período, o crescimento populacional teve desaceleração e a longevidade dos profissionais aumentou, com elevação da expectativa de vida, o que também ajuda a explicar o número recorde de profissionais atuando no País.
DESIGUALDADE. De acordo com o CFM, se for mantido o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de cinco anos o País contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), que reúne as nações mais ricas do planeta. Mas se há cada vez mais médicos se formando no Brasil, o que explica a escassez de profissionais em algumas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), em especial em cidades distantes dos grandes centros urbanos ou nas periferias das capitais?
O levantamento do CFM indica que a principal razão é a desigualdade na distribuição regional dos médicos. Nas capitais, por exemplo, o número de profissionais é de 6,21 por mil habitantes, enquanto nos municípios do interior o índice fica em 1,72. De acordo com o conselho, as capitais reúnem 24% da população e 54% dos médicos. Quando a comparação é feita por unidade da federação, essa densidade varia de 0,97 no Maranhão a 4,72 no Distrito Federal. E nas capitais: Vitória (ES) tem 14,44 médicos por mil habitantes; já Macapá (AP) tem apenas 1,7. •
Números da desigualdade Nas capitais, o número de profissionais é de 6,21 por mil habitantes, e no interior fica em 1,72.
Fonte: pressreader.com/O Estado de S. Paulo