Brasil
Transição da indústria automotiva pode elitizar mais acesso aos automóveis, aponta estudo do IEMA
Publicado
4 anos atrásem
O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) lança hoje (dia 1º de julho) novo estudo que discute a transição pela qual passa a indústria automotiva brasileira e as perspectivas para a mobilidade urbana. Intitulado “Transição da indústria automotiva brasileira: desafios e perspectivas para uma conversão alinhada à mobilidade inclusiva e de baixas emissões”, analisa possíveis problemas decorrentes como, por exemplo, o desemprego causado pelo fechamento de fábricas no país, algo que já está sendo sinalizado com o atual fechamento de linhas de produção como as da Ford, Mercedes e Audi. O estudo, publicado em português e em inglês, faz parte de um trabalho internacional coordenado pelos escritórios da Fundação Rosa Luxemburgo em São Paulo e em Bruxelas. Ele fará parte de um livro com análises sobre o setor em diferentes países – Eslováquia, Itália, Hungria, México, República Tcheca e Sérvia -, locais onde o setor automotivo se destaca dentro da produção industrial e da geração de emprego qualificado.
“O trabalho levantou questões que geram alertas para pensar o desenvolvimento do país. Se os caminhos da indústria brasileira e a transformação digital do século XXI não forem geridos e orientados com objetivos em prol de uma mobilidade urbana inclusiva e a redução de desigualdades socioeconômicas, a tendência é de retrocessos”, alerta David Tsai, pesquisador do IEMA e um dos autores da pesquisa. De acordo com o estudo realizado este ano, os principais riscos são: perda de empregos em toda a cadeia produtiva do setor; a continuação da produção de carros poluidores; a dependência externa para o suprimento de veículos elétricos;a maior elitização do automóvel como bem de consumo; a falência generalizada do sistema de transporte público como o conhecemos hoje com o retorno do transporte clandestino.
“Buscamos compreender as transformações pelas quais passam a indústria frente à situação econômica brasileira, as novas tecnologias digitais e a eletrificação, e também que implicações podemos esperar para a sociedade”, ressalta André Luis Ferreira, diretor presidente do IEMA e também autor do trabalho. Segundo o estudo, falta disposição política suficiente para a transformação estrutural da mobilidade urbana, a fim de se fazer realizar um direito fundamental do cidadão, que é o direito ao transporte. O transporte público coletivo, por exemplo, passa por uma crise sem precedentes, sendo um dos principais motivos o esgotamento do modelo de financiamento da operação dos serviços, que é baseado no pagamento das tarifas pagas pelos usuários. Situação agravada pela pandemia de Covid-19. A agenda política tem pouco dado conta de atender às questões emergenciais de curto prazo e para o longo prazo não há planos.
O estudo defende uma percepção de que o futuro da indústria automotiva, do transporte público coletivo e de seus trabalhadores devem ser tratados conjuntamente. O desenvolvimento tecnológico dos veículos com foco na eletrificação, automação e conectividade pode contribuir com a necessária redução de emissões de poluentes e gases de efeito estufa, mas sozinho não se apresenta automaticamente como uma solução para enfrentar o uso desigual e injusto do espaço viário. “Mas não se pode esperar que uma conversão da indústria, alinhada à mobilidade inclusiva e de baixas emissões, ocorra sem direcionamentos externos”, conta Renato Boareto, pesquisador e um dos autores do estudo. “São necessárias políticas de mobilidade”, completa. Aprimoramentos estruturais nas cidades são urgentes, implementando políticas ambientais urbanas de maneira integrada incluindo a melhoria da qualidade do ar e a mitigação dos gases de efeito estufa (GEE).
Se o país continuar dando prioridade ao transporte individual em relação ao transporte coletivo, assim como os novos serviços baseados em tecnologia da informação que vêm surgindo, a situação de desigualdade nas cidades poderá piorar. O uso do automóvel como meio de transporte predominante pode ser ampliado para mais pessoas, mas crescerão proporcionalmente os problemas causados pelo excesso de veículos nas ruas, e, com a degradação do transporte público coletivo, os mais marginalizados ficarão ainda mais sem acessibilidade. É possível alterar esse curso, mas dependerá de uma firme sinalização por uma política consistente de desenvolvimento do país, onde prevaleçam os princípios da Mobilidade como um Direito, da garantia do transporte público como um direito social e universal, e de uma transição energética justa. “Na ausência de políticas públicas que resguardem o transporte como direito-meio fundamental para a realização dos direitos essenciais à dignidade da pessoa humana, o país enfrentará mais retrocessos”, resume Tsai.
PARA REFLETIR: RESUMO DO ESTUDO
Crise econômica, desindustrialização e maior elitização do automóvel
O país vive um momento de crise econômica generalizada e passa também por um processo de desindustrialização que se destaca no panorama mundial. O automóvel tem se tornado mais inacessível nos últimos anos pela queda da renda e aumento de preços. A venda de veículos depende da existência de compradores que possam comprometer uma parcela de seus salários para o pagamento de prestações de um veículo comprado a prazo. É necessário, portanto, uma certa estabilidade no emprego e um nível salarial que permita a compra. Como já é possível notar a partir do perfil dos automóveis novos licenciados no país, a tendência é o predomínio de modelos de valor mais elevado com crescente participação dos SUVs médios, voltados para as parcelas de mais alta renda.
Empregos e eletrificação
O número de empregos nas montadoras diminui conforme a crescente automatização das linhas de montagem. Segurar empregos na atual realidade de baixos níveis de produção tem se mostrado desafiador. Com relação à produção de veículos elétricos, tendência mundial, o estudo apontou que ainda não há expectativas concretas de aumento no número de empregados em comparação com a produção dos atuais veículos com motores de combustão interna. Pelo contrário, é possível que ocorra uma diminuição do número de trabalhadores por veículo produzido decorrente, em parte, pela menor quantidade de peças necessárias para a montagem de um veículo elétrico.
A eletrificação dos veículos é uma grande aliada da redução de emissões de poluentes e de gases de efeito estufa. No entanto, há que se atentar que a sua implantação em um ritmo descompassado da capacidade de produção brasileira e sustentada pela importação, pode gerar ainda mais desemprego e transferência de postos de trabalhos para outros países. Parte deste efeito poderia ser compensado pelo aumento de vagas nas montadoras de chassis e carrocerias de ônibus possivelmente elétricos. Será necessário realocar os trabalhadores da indústria do automóvel para outra cadeia sustentável.
Remodelação da indústria
O Brasil experimentou sua última grande transformação tecnológica com a introdução dos veículos flex. Hoje, se depara com a eletrificação da mobilidade a nível mundial. Porém, há tendência de uma longa continuidade da produção de veículos a combustão no país, dada a situação socioeconômica do país e a ausência de grandes movimentos na indústria brasileira na direção da eletrificação. Um cenário provável é o da preferência pelo automóvel híbrido-etanol produzido internamente complementado com a eletrificação do segmento luxo via importações. Neste caso, eventuais benefícios fiscais para a compra de carros elétricos favoreceriam apenas a pequena parcela de maior renda da população.
No caso dos ônibus, há demanda pela substituição do diesel por energia elétrica, mas ainda falta uma estratégia nacional para sua implementação. De acordo com o estudo, o Brasil teria condições de expandir esse mercado até internacionalmente, se mantida a histórica influência da indústria brasileira de ônibus nos países vizinhos. Ainda há no país uma disputa pela rota tecnológica de substituição do diesel nos ônibus com propostas diferentes entre as montadoras de chassis (baterias, biocombustíveis, gás, híbrido). Com o foco em emissão zero, deve prevalecer a eletrificação da frota com baterias. No entanto, sem contar com estímulos governamentais para a mudança, a substituição do diesel pelo ônibus elétrico pode falhar porque a indústria do ônibus a diesel está muito bem consolidada.
Transporte público
O uso de fontes de energia e tecnologias veiculares alternativas aos ônibus a diesel pode encarecer os custos operacionais e, sem uma reformulação dos modelos de custeio dos sistemas, afastar ainda mais as pessoas do transporte público, agravando a crise existente. O estudo também apontou uma tendência de desestruturação completa do sistema de transporte público nos próximos anos. O risco é o retorno do transporte clandestino semelhante à década de 1990, como já está acontecendo na cidade do Rio de Janeiro. Na visão geral, os instrumentos de políticas públicas deveriam ser efetivamente aplicados e direcionados para ampliar a participação do transporte público nos deslocamentos urbanos e sua indústria na geração de emprego e renda. É necessário um novo modelo de negócios para o transporte público.
Novas tecnologias
Está em curso no mundo uma corrida tecnológica na indústria automotiva. É amplamente difundida a ideia de que no futuro os veículos serão eletrificados, autônomos, compartilhados, conectados e dotados de softwares atualizados periodicamente. Exemplos são as possíveis parcerias entre a Hyundai, a Apple e o Uber ou a General Motors e a Microsoft. As montadoras estão se preparando para uma nova dinâmica de mercado, com grande participação de serviços como o aluguel, a assinatura e o transporte por aplicativos. Essas mudanças modificarão profundamente o sistema de mobilidade urbana, que resultarão em externalidades positivas e negativas. Um dos principais efeitos é o surgimento de serviços que competem principalmente com o transporte público, conhecidos internacionalmente como Mobilidade como um Serviço (Mobility as a Service – MASS). Os autores defendem que no Brasil deve ser defendido o conceito de Mobilidade como um Direito (MAAR)
Sobre o estudo
O trabalho foi realizado entre janeiro e março de 2021 por meio de pesquisa documental e entrevistas com representantes das mais diversas áreas do setor. A primeira parte do documento faz uma breve caracterização da indústria automobilística brasileira, focando a produção de insumos para o transporte público. A segunda parte discute os desafios e as perspectivas dentro do contexto de uma desejável conversão da indústria alinhada à mobilidade inclusiva de baixas emissões. O objetivo foi identificar desafios pelos quais a indústria deverá passar para que possa contribuir com uma mobilidade inclusiva e de baixas emissões conservando, criando e aprimorando empregos.
Vale ressaltar que o aspecto focal de mobilidade urbana inclusiva e de baixas emissões é a priorização do transporte público coletivo sobre o transporte individual particular e a aplicação de tecnologias de menor impacto ambiental. O estudo integra um dos objetivos do IEMA: promover a mobilidade urbana inclusiva e de baixas emissões de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa. Ele figura dentro da linha de ação do instituto de avaliar políticas públicas sobre transição energética nos transportes. Saiba mais sobre o tema em: https://energiaeambiente.org.br/transicao-energetica-nos-transportes
Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA)
O IEMA é uma organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 2006 e com sede em São Paulo. Seu propósito é qualificar os processos decisórios para que os sistemas de transporte e de energia no Brasil assegurem o uso sustentável de recursos naturais com desenvolvimento social e econômico. http://energiaeambiente.org.br/
Por Assessoria
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Brasil
Censo 2022: número de católicos cai, enquanto evangélicos avançam
Publicado
4 dias atrásem
10 de junho de 2025
Entre 2010 e 2022, percentual de católicos caiu quase 9 pontos; evangélicos crescem no Norte e Centro-Oeste, segundo dados do IBGE
No Brasil, mais de 60% dos moradores da Região Nordeste e do Sul são adeptos do catolicismo. Apesar do quantitativo, de 2010 a 2022, houve uma redução no número de católicos no país – caindo de 65,1% para 56,7% em 2022. Em contrapartida, houve um aumento na proporção de evangélicos, passando de 21,6% em 2010 para 26,9% em 2022. Entre as regiões, os evangélicos estavam em maior número no Norte e no Centro-Oeste. Os dados são do Censo Demográfico de 2022, Religiões: Resultados preliminares da amostra, do IBGE.
Os resultados apontam, ainda, que houve aumento nas religiões de umbanda e candomblé – de 0,3 % em 2010 para 1,0%, em 2022. Outro crescimento foi registrado em outras religiosidades, de 2,7% para 4,0%. Além disso, foi observado um pequeno declínio na religião espírita, que caiu de 2,2% para 1,8%. Já as religiosidades de tradições indígenas representaram 0,1% das declarações.
Percentuais por região do Brasil
Apesar da redução de católicos no país entre 2010 e 2022, naquele ano o catolicismo liderou em todas as grandes regiões do Brasil – com maior concentração no Nordeste, com 63,9%, e no Sul, sendo 62,4% da população católica. A menor proporção de católicos foi notada na Região Norte, 50,5%.
Por outro lado, os evangélicos estavam em maior proporção no Norte, sendo 36,8%, e no Centro-Oeste, com 31,4%. O menor percentual foi identificado no Nordeste, de 22,5%.
Na Região Sudeste, o destaque vai para aqueles que se declararam espíritas (2,7%). Além disso, os umbandistas e candomblecistas estavam mais presentes no Sul (1,6%) e no Sudeste (1,4%). O Sudeste também reunia, em 2022, a maior quantidade de pessoas sem religião, totalizando 10,5% – a única com proporção acima da média do país, representando 7,9 milhões de pessoas. Nesse aspecto, a menor proporção estava na Região Sul, com 7,1%.
Religião nos estados brasileiros
Os membros da Igreja Católica Apostólica Romana também lideram em relação ao montante de adeptos nas unidades da federação. Das 27 UFs, 13 possuem proporção de católicos apostólicos romanos superior à média nacional, de 56,7%, na população com 10 anos ou mais de idade.
O Piauí registrou a maior proporção registrada no país, com 77,4% da população católica. O estado também tem o menor percentual de evangélicos (15,6%).
Conforme o Censo 2022, as menores proporções de católicos apostólicos romanos foram encontradas em Roraima, com 37,9%, Rio de Janeiro e Acre,38,9%.
Já em relação aos evangélicos, a maior proporção foi identificada no Acre, sendo 44,4% da população – e a menor no Piauí, com 15,6%.
O Rio de Janeiro tinha, portanto, o maior quantitativo proporcional de espíritas (3,5%). Por sua vez, a maior proporção de praticantes de Umbanda e Candomblé foi encontrada no Rio Grande do Sul (3,2%).
Quanto à população sem religião entre as unidades da federação, Roraima e Rio de Janeiro tiveram a maior proporção de pessoas sem religião, sendo 16,9%, além de outras religiosidades, com 7,8%, e de adeptos de tradições indígenas, totalizando 1,7%. Na outra ponta, as menores proporções foram identificadas no Piauí (4,3%), Ceará (5,3%) e Minas Gerais (5,7%).
Fonte: Brasil 61
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Brasil
AGU pede decisão urgente contra fraudes e violência nas redes sociais
Publicado
3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu nesta segunda-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma decisão urgente para obrigar plataformas de redes sociais que operam no Brasil a interromperem a disseminação de notícias falsas e impedirem a violência digital.
A AGU sustenta que a medida urgente é necessária diante da “continuada conduta omissiva dos provedores de aplicação de internet em remover e fiscalizar de forma efetiva os mencionados conteúdos, em desrespeito aos deveres de prevenção, precaução e segurança”.
O pedido aponta para os episódios mais recentes de fraudes relativas à Operação Sem Desconto, que apura descontos indevidos feitos por associações nas aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Um levantamento feito na biblioteca de anúncios da empresa Meta, dona das plataformas Facebook e Instagram, por exemplo, identificou mais de 300 anúncios fraudulentos prometendo falsas indenizações do INSS, usando imagens manipuladas de figuras públicas e logotipos oficiais.
No texto, a AGU cita também episódios recentes de violência digital, como a morte, em abril, de uma criança de 8 anos no Distrito Federal. A polícia investiga a relação do óbito com o desafio do desodorante, em que crianças são estimuladas por meio de plataformas como Kwai e Tik Tok, a inalar o spray do produto.
Assim como em manifestações anteriores, a AGU defende que as empresas responsáveis pelas redes sociais que “impulsionam, moderam ou recomendam conteúdo ilícito devem ser responsabilizadas independentemente de notificação judicial”.
O órgão menciona reportagem publicada pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal, em 15 de maio, segundo a qual haveria “uma deliberada falta de interesse da empresa Meta na verificação de anúncios”.
Segundo a reportagem, uma análise interna feita em 2022 pela empresa identificou que 70% dos anúncios recentes da plataforma faziam propaganda de golpes, itens ilegais ou produtos de baixa qualidade.
Ainda segundo documentos internos, os quais o jornal diz ter analisado, a Meta tem se mostrado resistente em derrubar esses anúncios, diante de uma alta de 22% no faturamento da empresa com propaganda, que foi de US$ 160 bilhões no ano passado.
Seriam necessárias, por exemplo, entre oito a 32 infrações antes de uma conta fraudulenta ser banida das plataformas da Meta.
Entenda
O pedido da AGU foi feito nos processos em que o Supremo julga a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet. O dispositivo prevê que as empresas só podem ser responsabilizadas por publicações de terceiros nas redes sociais se antes houver uma ordem judicial para derrubar cada conteúdo específico.
O Supremo já começou a julgar um recurso sobre o assunto, com repercussão geral, ou seja, ao final do julgamento os ministros devem estabelecer uma tese, um enunciado, declarando o entendimento que deve ser seguido por todos os tribunais sobre o assunto.
A análise mais recente do tema pelo plenário ocorreu em dezembro, quando um pedido de vista do ministro André Mendonça interrompeu o julgamento.
O placar está em 2 a 1 pela responsabilização imediata das plataformas no caso de publicação de conteúdos ilícitos, sem a necessidade de que a remoção desse conteúdo tenha sido determinada antes por ordem judicial.
Votaram nesse sentido os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, que defendem uma responsabilização ampla das plataformas caso não derrubem publicações e anúncios com teor ilícito. Para eles, é necessário que as empresas promovam um monitoramento ativo sobre o que é publicado em suas redes.
O ministro Luís Roberto Barroso divergiu em parte, argumentando que seria imprescindível o descumprimento de alguma ordem judicial para que as plataformas possam ser responsabilizadas nos casos de crimes contra a honra, como a exposição de imagem sem autorização ou a calúnia e difamação.
Barroso reconheceu, contudo, que o artigo 19 não incentiva as plataformas a impedirem violações contra direitos fundamentais e democráticos, pelas quais as empresas poderiam ser responsabilizadas antes de descumprirem ordem judicial de remoção, sobretudo nos caso de anúncios e de impulsionamento pagos.
Ainda não há data definida para que o tema volte a ser julgado pelo plenário do Supremo. A AGU já solicitou, em mais de uma ocasião, celeridade no desfecho do julgamento.
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Brasil
Lula sanciona lei que restringe uso de celular em escolas
Publicado
5 meses atrásem
14 de janeiro de 2025
Medida vai entrar em vigor neste ano letivo
Por Agência Brasil
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta segunda-feira (13) o Projeto de Lei 104/2015, que restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, sobretudo telefones celulares, nas salas de aula de escolas públicas e privadas do ensino básico em todo o país. Um decreto do presidente, que sairá em até 30 dias, vai regulamentar a nova legislação, para que passe valer para o início do ano letivo, em fevereiro. O projeto de lei foi aprovado no fim do ano passado pelo Congresso Nacional.
“Essa sanção aqui significa o reconhecimento do trabalho de todas as pessoas sérias que cuidam da educação, de todas as pessoas que querem cuidar das crianças e adolescentes desse país”, afirmou o presidente, que fez questão de elogiar o trabalho dos parlamentares que aprovaram a medida.

Brasília (DF), 13/01/2025 – Lula e Camilo Santana durante a cerimônia de sanção do projeto de lei que restringe o uso de celular nas escolas – Ricardo Stuckert/PR
“Imagina uma professora dando aula e, quando ela olha para os alunos, está cada um olhando para o celular, um tá na China, outro tá na Suécia, outro tá no Japão, outro está em outro estado conversando com gente que não tem nada a ver com a aula que ela está recebendo. A gente precisa voltar a permitir que o humanismo não seja trocado por algoritmo”, enfatizou Lula ao comentar sobre a nova lei.
Países como França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e Holanda já adotam legislações que restringem uso de celular em escolas. Apoiado pelo governo federal e por especialistas, o projeto alcançou um amplo consenso no Legislativo, unindo governistas e oposicionistas.
“Não dá para um aluno estar na sala de aula, no Tiktok, na rede social, quando o professor está dando aula. Toda vez que um aluno recebe uma notificação, é como se ele saísse da sala de aula. Toda vez que ele recebe uma notificação quando ele está numa roda de conversa, é como se a gente perdesse a atenção dele”, afirmou o secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, que é deputado federal licenciado e autor do projeto na Câmara. Ele classificou o projeto como uma das principais vitórias do século na educação brasileira.
O que diz a lei
De acordo com o ministro da Educação, Camilo Santana, a lei restringe o uso em sala de aula e nos intervalos, para fins pessoais, mas há exceções, como o uso para finalidade pedagógica, sob supervisão dos professores, ou em casos de pessoas que necessitem de apoio do aparelho para acessibilidade tecnológica ou por alguma necessidade de saúde.
“Nós não somos contra acesso a tecnologias, até porque não há mais retorno no mundo de hoje. Mas nós queremos que essa tecnologia, essa ferramenta, seja utilizada de forma adequada e, principalmente, nas faixas [etárias] importantes da vida das crianças e adolescentes”, afirmou o ministro, que alertou sobre o uso cada vez mais precoce e prolongado do celular por crianças.
“Estamos fazendo uma ação na escola, mas é importante conscientizar os pais de limitar e controlar o uso desses aparelhos fora de sala de aula, fora da escola”, acrescentou Camilo Santana.
O ministro pediu engajamento das famílias e das comunidades escolares para fazer valer a nova lei.

Brasília (DF), 13/01/2025 – Camilo Santana pede o engajamento dos pais – Ricardo Stuckert/PR
A secretária nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, que coordena a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), afirmou que o colegiado vai publicar orientação para as redes públicas e privadas. “O Conselho Nacional de Educação vai fazer uma resolução que oriente as redes, as escolas, de como fazer isso sem parecer uma opressão”, disse. O MEC também deve publicar guias com orientações para as escolas de todo o país.
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